sábado, 2 de junho de 2007

Regionalização !




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… necessária
mas sem falácia !




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Carlos Lage, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte, defende que uma "nova consulta "é inevitável. "Para tomar a decisão no Parlamento, era preciso rever a Constituição e retirar a obrigatoriedade. Isto implica um consenso muito alargado entre as forças políticas. Não me parece viável".

O Prof. Freitas do Amaral, na sua última aula na Universidade Nova declarou, na presença do 1º ministro sr. Pinto de Sousa, que a não realização do "Referendo" previsto na Constituição deve ser considerado "uma ilegalidade por omissão".

O Prof. José Marques dos Santos, reitor da Universidade do Porto, afirmava em recente entrevista ao "JN":
Os empresários e os artistas vão todos para Lisboa. Às vezes, interrogo-me se estão à espera de algum deus que venha criar as condições na região.(…)
E seria interessante que os que daqui saíram, a diáspora da região, regressassem. Talvez seja ingenuidade? Se é, então desistimos, ficamos com um país macrocéfalo que tem apenas um grande centro em Lisboa e deixamos de nos queixar."

"Lisbonização da Política de Coesão (com a UE)"!
E quem o afirma não é nenhum "perigoso nacionalista", mas sim o sr. Durão Barroso, presidente dessa mesma UE, em entrevista concedida ao "JN".

"A opção centralista nacional, "violando há trinta anos, por omissão, o imperativo constitucional de regionalizar o país", nas palavras de Freitas do Amaral, deixaram-nos sem níveis institucionais democraticamente legitimados, capazes de agregar vontades, organizar propostas, influenciar competente e credivelmente opções de política, gerir alguns dossiers e lançar obras de nível supra-municipal.", afirmou a srª Elisa Ferreira, eurodeputada pelo PS.

De todas estas afirmações retira-se a conclusão de que para além de ilegal, a omissão da regionalização perturba (e anula) o indispensável desenvolvimento do conjunto do País

Porém, não nos deixemos enganar, a regionalização comentada actualmente pelos políticos insere-se num contexto meramente administrativo e consentâneo com a sua continuidade como oligarquia nacional com funções delegadas nas Regiões.
E isso não é "regionalização", mas sim uma falácia, uma mais que nos querem impingir.

A "regionalização" impõe-se essencialmente por quatro factores:

1. de ordem cultural
pelas tradições, costumes e "falares", patrimonio cultural de várias regiões, em vias de esvaecimento pela pressão normalizadora com origem no Estado, que a provoca desde os meios de comunicação (rádio, Tv e imprensa) e pela manipulação do ensino na disciplina de História.

2. de ordem administrativa
pela dependência da burocracia estatal relativamente às decisões de processos administrativos, exageradamente tomadas desde o omnipresente centralismo "da capital".

3. de ordem económica
pela total subalternidade aos projectos e decisões de um governo central alheio às realidades económicas, às exigências e carências de populações que, cada vez mais, são atingindas pelo desemprego e pela falta de recursos.

4. de ordem política
pela evidente irresponsabilidade dos governos que legislam e executam como se os povos da periferia fossem feudos do Terreiro do Paço.

Sem meios de comunicação locais, sem autonomia administrativa, sem políticos locais, não dependentes de organizações políticas sediadas na "capital", a "regionalização" continuará pendente.
E nós devemos continuar a exigi-la !

2 comentários:

AV disse...

A regionalização em portugal, só irá criar uma nova classe de parasitas políticos, os intermediários, que se acham muito importantes para ser políticos locais, mas são demasiado mediocres para o poder nacional, ainda mais mediocres dos que lá estão.
portugal é nultidiversificado e pluricultural é a nossa verdadeira riqueza, aliada com a diversidade de climas e populações.
Essa unidade conquistada a Espanha é que nos fez ser independentes e continuarmos a sê-lo, com muito esforço e com alguns iberistas, dum e do outro lado da fronteira que de tempos a tempos, vão alimentando a fogueirinha da regionalização e da criação de novos estados regionais federados na península ibérica, mas que tinham Madrid e a Monarquia Castelhana como seus tutores.
Portugal é uma República e como tal deverá continuar a ser, a Espanha é uma Monarquia, que foi negociada com Franco e o Rei para que esse conjunto de nações se fragmentá-se em várias Nações Independentes, com línguas e culturas tão diversas que nem se entendem entre eles, veja-se o caso dos Galegos não entenderem os Andaluzes e vice-versa.
A desrtificação do interior que tem neste governo de porcos ibéricos o seu mentor maior, é uma estratégia destes iberistas convictos que estão no poder em nome do Partido Socialista, que de socialista ja só lhe resta o nome, para que os portugueses achem que a regionalização irá ser a cura de todos os males, mas isso apenas irá piorar as coisas, porque fragmentará a nossa Pátria e criará mais um poder e mais corrupção, a solução é a multiplicação dos concelhos e a sua livre associação, para o poder local ficar assim mais próximo das populações e criando soluções para os seus reais interesses, os partidos nacionais Portugueses têm de ser impedindos de concorrer ao poder autárquico e só listas de cidadãos o devem fazer, para que se evite assim a criação de feudos de um outro partido político nacional.

AV2

Antonio Lugano disse...

Prezado AV2
O seu comentário parece-me pertinente mas, "regionalizar" não significa "desconstruir" Portugal.
O que se pretende, no projecto que defendo, é uma desconcentração e uma descentralização que permita aos povos das regiões resolverem os problemas locais sem terem que esperar que um burocrata do Terreiro do Paço se digne fazê-lo.
De forma alguma se pretende por em causa o país Portugal!
Pretende-se sim, potenciar as nações que o compõem numa perspectiva de sociedade subsidiária.