quarta-feira, 30 de maio de 2007

Eleições municipais na Galiza

regionalismo autonómico


Eleições municipais 2007 - Galiza

siglas
PP - Partido Popular
PSOE - Partido Socialista
BNG - Bloque Nacionalista Galego
Abst. - abstenções

Económicamente são todos liberais, apenas variando na "sensibilidade".

provincia de Pontevedra
PP- 226.101 ; PSOE- 142.290 ; BNG- 109.003 ; abst.- 37,16

Vigo (cidade mais importante)
PP- 66.574 ; PSOE- 44.563 ; BNG- 28.116 ; abst.- 39,89 %
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provincia de Ourense
PP-103.842 ; PSOE- 60.975 ; BNG- 41.786 ; abst.- 36,96 %

Ourense (capital)
PP- 26.160 ; PSOE- 16.428 ; BNG- 12.253 ; abst.- 38,32 %
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provincia da Corunha
PP- 220.851 ; PSOE- 187.707 ; BNG- 123.974 ; abst.- 39,23 %

Corunha (capital)
PP- 37.085 ; PSOE- 41.285 ; BNG- 24.355 ; abst.- 46,48 %
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provincia de Lugo
PP
- 99.807 ; PSOE- 83.160 ; BNG- 39152 ; abst.- 31,21 %

Lugo (capital)
PP-18.428 ; PSOE- 23.375 ; BNG- 7.417 ; abst.- 35,51 %
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1.
% total de abstenções:
- média nas cidades: 40,01%
- média nas provincias: 36,14%

2. Apesar de que uma maioria de votos vá a determinada opção poltica, a lei eleitoral permite que, se esta não obtiver a maioria absoluta, o poder seja repartido por várias formações minoritárias coligadas.
No caso das presentes eleições o PP ganhou nas quatro provincias galegas e em duas das quatro capitais (e o PSOE nas outras duas).
Pelo "jogo" das coligações, o BNG (minoritário) vai participar nas câmaras ("ayuntamientos") das quatro capitais, conjuntamento com o PSOE, enquanto o PP é oposição em todas.
Nas quatro principais cidades (Vigo, Corunha, Ourense e Lugo) o PP obteve 148.247 votos e o BNG 72.141…

3. O voto no BNG desceu consideravelmente em relação às últimas eleições porque os galegos já se aperceberam que os grupos marxistas que o constituem, de nacionalista apenas têm o discurso e não são mais que uma "muleta" para o PSOE conseguir o poder.
Várias formações políticas verdadeiramente nacionalistas apareceram em vários locais e o Partido Galeguista continua presente, apesar de perder a representação que tinha em Vigo.

4. Consta que vai surgir um novo agrupamento politico, a nivel de toda a Galiza, com um projecto nacionalista que se afasta das organizações sediadas em Madrid (PP e PSOE) e também dos seus partidos "muleta".

5. A proposta autonómica é de uma nação galega (ainda não conseguida) dentro de um Estado Federal que manterá responsabilidades internacionais. Excepto certos grupos radicais (actualmente sem expressão representativa) ninguém propõe uma independência política total, que parece utópica... e não desejada.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Regionalização !



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as vitórias conquistam-se

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Acabo de ler os artigos "Um Concenso Inconcensual" publicado a 23 de Maio de 2007 pelo "Calécia" (http://calacia.blogspot.com/), de que me permito utilizar o "logotipo", e "Tem que se ganhar credibilidade para vencer esta guerra" do "Regiões" (http://regioes.blogspot.com/), publicado a 27 de Maio, dois blogues que aprecio.
Uma cordial saudação ao Nóbrega e ao António…
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Uma realidade transparece à "luz do dia" como uma verdade por demais evidente :
O "regime que temos" não está minimamente interessado em implantar a Regionalização, apesar de que o Prof. Freitas do Amaral na sua última aula na Universidade Nova, conforme publicou o "Regiões" em 22 de Maio último, ter claramente anunciado que "a regionalização do continente" é um ponto que "falta cumprir do programa constitucional de 1976", acrescentando que estamos perante uma "situação de flagrante inconstitucionalidade por omissão".
A 25 de Maio, o "Regiões" complementa a informação sob o titulo "Esclarecimento", e diz:
"A obrigatoriedade de realização de consulta directa aos cidadãos para a efectiva implementação das regiões administrativas foi determinada pela Revisão Constitucional operada em 1997. Anteriormente exigia-se, meramente, o voto favorável da maioria das assembleias municipais que representassem a maior parte da população da área regional."

Assim, quando o 1º ministro, sr. José Pinto de Sousa, referindo-se à Regionalização, afirma :
"Não será nesta legislatura. Talvez na próxima, se todos chegarmos à conclusão de que esse é o momento e se houver uma proposta que reúna um nível de consenso e que permita ter uma expectativa de vitória",
conscientemente evita o processo de "implementação das regiões administrativas", pratica uma "omissão voluntária" de um dever legal e, porque proferiu tais palavras após ter assistido à citada aula do Prof. Freitas do Amaral, demonstra que "é consciente do ilicito".
Assim, mesmo que na negligência constatada não exista vontade para tal, a punição a título de negligência funda-se na omissão voluntária de um dever.
Mas… não sabemos nós quanto o Direito é distraido, confuso e lento quanto se trata das andanças da oligarquia ?

"É notícia de hoje a confirmação do início das condicionantes impostas pelo governo relativamente ao processo Regionalização. Muito se adapta o governo conforme os temas em discussão! Se nuns casos (Aeroporto da Ota) o concenso é algo que apenas vai atrapalhar os interesses do governo no que diz respeito a esta matéria, noutros o concenso é uma condição para que o processo avance. Concenso é preciso por um lado, enquanto que por outro o que manda é o avanço do país. Ou de uma parte dele.", refere o "Calécia".

Este "arrastar" do processo de Regionalização tem, além do objectivo imediato de tentar o seu "apodrecimento" politico e desinteresse público, igualmente uma vertente psicológica que se traduz, no caso de que o processo tenha mesmo de avançar, em "oferecer" uma qualquer reforma administrativa esperando que as gentes a aceitem sob o lema "melhor algo que nada" !

Uma Regionalização sem descentralização da Administração do Estado, sem delegação de poderes políticos (organizações políticas regionais), sem a desconcentração dos meios informativos (rádios e Tvs regionais), sem capacidade de gestão própria etc, etc, não passa de uma falácia que não beneficiará em nada as, então, pseudo-regiões.
Tenha-se em atenção, como referência, o processo autonómico em Espanha !

Devemos ser conscientes de que as vitórias não são prendas, são conquistas !
E a Regionalização será uma conquista… ou não existirá nunca.
Depende de nós…

sábado, 26 de maio de 2007

Sapientia est Potencia




Sapientia est Potencia

*os homens crêem
no que querem crer

Permitimo-nos aconselhar o artigo acima nomeado
publicado no "Prometheus" :

http://hesperialeuropa.blogspot.com

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Viagens na minha terra...




em defesa das ferrovias
Linha do Tâmega
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Em 28 de Março de 1909, chegava a Amarante o primeiro comboio, depois de concluídos os 13 quilómetros de ligação à Livração (Linha do Douro).
Em 1926, chegava a Celorico de Basto e em 1932 a Mondim de Basto. Só 40 anos depois chegaria a Arco de Baúlhe.
A prevista ligação a Fafe nunca se concretizou.
Em 1990 (1 de Janeiro ) encerrou a circulação entre Amarante e Arco de Baúlhe.
Desde então, só circulam automotoras no pequeno troço entre a Linha do Douro (Livração) e a estação de Amarante.

A pressão das rodoviárias é grande (e não só…) e a CP e a REFER, sob ordens do Terreiro do Paço, não mudam um parafuso à situação.
Quanto pior… mais depressa acaba!
E uma via rápida, uma circular, uma triangular ou uma auto-estrada, sempre resolvem as situações… pelo menos a das cimenteiras e ladrilheiros anexos.

As empresas rodoviàrias colocarão autocarros com sauna e vistas para a Lua, os petro-euros instalarão uns postos de auto-abastecimento, a gasolina jorrará, o sangue dos acidentados também, e a festa continua.

Ah! Não esqueçam que os "bancos" concedem créditos para comprar "pópó"… e oferecem um telemóvel como brinde!

A Comissão de Defesa da Linha do Tâmega (CDLT) - http://linhadotamega.no.sapo.pt/ - acusa o presidente da câmara de Celorico de Basto de ter mandado camiões descarregar terra em cima da linha, junto à antiga estação de Codeçoso.
Estes políticos… sempre tão ágeis e prestáveis em tempo de eleições…

Os utentes aguardam o fecho da Linha para breve.
Recorde-se que o chamado Plano Líder 2010 da CP prevê um possível encerramento desta Linha, tendo em conta a fraca procura, que somente cobre cerca de 11% dos custos com a manutenção e o funcionamento da mesma.
Que fez a CP para aumentar a rendibilidade ?
Degradou o serviço !
Elementar, querido passageiro.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Investigação ciêntifica





Universidade do Porto
11º lugar
entre 750
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Classificação de 750 Instituições de Investigação em 10 países ibero-americanos :
Portugal, Espanha, Argentina, Brasil, Chile, Colómbia, Cuba, México, Peru e Venezuela.

Produção ciêntifica (ano de 2005)
1ª CSIC (Consejo Superior de Investigaciones Científicas) Madrid
2ª Universidade de S. Paulo
3ª Universidade Nacional Autónoma do México
4ª Universidade do Porto

26ª Universidade de Lisboa

33ª Universidade de Coimbra
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publicado por:
- jornal "O Público"
- "web" da Universidade do Porto : http://sigarra.up.pt

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Regionalização !



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O que se pensa aos berros
e se diz… murmurando !

1.
No referendo à regionalização realizado há oito anos, Rui Rio foi um convicto defensor do não.
Apesar de ainda achar que a proposta de então não servia os interesses do país, o presidente da Câmara do Porto diz-se agora disponível para se encontrar uma solução que possa contar com o seu voto favorável.
in "O Primeiro de Janeiro" 19/03/2007

2.
A Regionalização não deve ser transformada em mito mas deve ter uma ideia mobilizadora!
A regionalização apenas nas mãos de protagonistas políticos, sejam eles quais forem, é um cadáver adiado.

Lino Cabral - "Contributos para a ideia da Regionalização"

3.
A Regionalização, como tudo, terá os seus inconvenientes mas tem, sem dúvida, tantas mais vantagens quanto durante anos a fio os governos sucessivos deste país tiveram e têm tendência para a macrocéfala concentração do poder, como vem sendo constatável.
Portanto, não me parece que haja aqui qualquer sintoma para a criação de mitos, mas antes tentativas (já quase desesperadas, é certo) de optar por outro tipo de governabilidade.
Rui Valente - "Regionalização+Protagonismos+Recrutamentos"
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comentário:
O facto, que é quase consensual no Norte, é que com este regime centralista, adiando novos investimentos a norte do Vouga, quando se gastam anualmente centenas de milhões de euros em benesses para a "oligarquia a banhos nas margens do Tejo", a Regionalização impõe-se…
A enorme subida do desemprego e os baixos salários dos que têm emprego, só podem ser contrariados com uma deslocalização de serviços públicos para o Norte, e com estratégias rápidas de apoio ao desenvolvimento empresarial, decididas e geridas regionalmente.
É exigível um urgente programa de reactivação cultural do Norte, através de uma estrutura politico-social que somente se conseguirá com representantes eleitos e não com comissários nomeados directamente ou indirectamente pelo Terreiro do Paço.

sábado, 19 de maio de 2007

Viagens na minha terra...


em defesa das ferrovias
Linha do Tua

A Linha do Tua, 133,800 quilómetros entre o Tua e Bragança, agora reduzida a 54,100 quilómetros entre o Tua e Mirandela, era conhecida como "bela e terrivel".
A frase exprime, da melhor forma, a paisagem que envolve a via-férrea, sobretudo entre Foz Tua e Abreiro. À beleza do rio, que corre célere por entre abruptos penhascos, misturam-se o respeito e o temor que as escarpas, que se precipitam a pique em direcção às aguas bravas, provocam ao passageiro. A tudo isto deve acrescentar-se uma vegetação rasteira e enormes fraguedos em ambas margens.

A plataforma da via parece ter sido esculpida na rocha. De um lado é penedia, do outro o precipício com mais de 50 metros.
Numa visão selvagem, à qual não faltam pontes e túneis, surgem as Fragas Más - compostas por um ciclópico maciço de granito -, talvez um dos cenários de maior impacto e beleza do Tua.
A característica "bela e terrivel" está ainda bem patente nos apeadeiros de Tralhariz e Castanheiro, que são servidos por pequenos trilhos de terra, pelos quais se passa com dificuldade.

A via férrea, dá a sensação de ficar a um palmo do precipício, infundindo respeito e algum temor.
Ainda hoje os viajantes perguntam-se como terá sido possível a sua construção, iniciada a 16 de Outubro de 1884, em Mirandela, sob responsabilidade de Fontes Pereira de Melo, ministro das Obras Públicas, e apenas vinte-e-oito anos depois da circulação do primeiro comboio em Portugal.

As dificuldades foram enormes, a começar pelo acesso dos trabalhadores à obra, feito por carreiros íngremes, sobretudo entre o Tua e a Brunheda, onde o rio é mais profundo e se passeia por gargantas e escarpas quase inacessíveis. A dureza era de tal ordem que o engenheiro que supervisionava a construção desistiu, impotente para vencer as dificuldades técnicas e para impor disciplina ao grupo de trabalho, do qual até ladrões faziam parte. Foi então nomeado o engenheiro Dinis da Mota, que conseguiu levar a construção até ao fim. Numa obra de engenharia a todos os títulos notável, Dinis da Mota incutiu confiança aos trabalhadores, que todos os dias eram confrontados com cargas de dinamite e com escarpas que não permitiam a menor distracção.

Três anos volvidos sobre o início da epopeia, a linha foi inaugurada, com pompa e circunstância reais, a 19 de Setembro de 1887, entre o Tua e Mirandela, numa composição rebocada pela locomotiva a vapor E81 da alemã Emil Kessler, que tinha aos comando o próprio Dinis da Mota. Para chegar a Bragança, foi necessário esperar 19 anos, num processo marcado por avanços e recuos, com as estações a ser inauguradas conforme a linha ia avançando.

Tem esta linha dois registos históricos que devemos assinalar:
- a estação de Santa Comba de Rossas (serra da Nogueira), a mais alta de todo o sistema ferroviário portugués (850 metros de altitude);
- os três longos túneis : Remisquedo (136m), Prezas (137m) e Falcoeira (137m).

A Linha do Tua, no troço entre Bragança e Mirandela, foi encerrada em 1992, sob fortes protestos da população, o que obrigou à intervenção das forças policiais na "noite do roubo", quando a CP retirou, por via rodoviária, o material circulante de Bragança, numa operação que lhe custou 12 mil contos!

Depois há a intenção da EDP em construir um aproveitamento hidroeléctrico (depois das pontes… é a obsessão de alguns).
As cimenteiras e o ladrilho sempre foram o motor da economia "deste jardim…", e o "arredondar" do fim de mês para muitos…

O presidente da Câmara de Mirandela é um dos que protestam contra a barragem e entende que a sua compatibilidade com a Linha do Tua só é possível se a albufeira não ultrapassar a cota 148.
De outra forma a Linha do Tua pode ficar "afogada" pela barragem…

Depois de alguns acidentes ocorridos nesta Linha, investigadores da Universidade de Coimbra defendem soluções de segurança semelhantes às utilizadas em algumas zonas dos Alpes e já implementadas na linha da Beira Baixa.

nota : histórico do texto baseado em http://blogueferroviario.blogspot.com

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Nacionalismo





os temores da oligarquia
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Nacionalismo, é o que a oligarquia do "politicamente correcto" realmente teme…
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Prosseguindo a manipulação intelectual dos mais jovens, o sr. Jaques Rogge, presidente do "Comité Olímpico Internacional" (COI), tem previsto eliminar os hinos e as bandeiras nacionais no seu projecto de celebrar uns futuros Jogos da Juventude, que se disputariam cada quatro anos a partir de 2010.

Misturando, conscientemente, as noções de País e de Nação, o COI prossegue a sua campanha de converter o nacionalismo em algo de "demoníaco".
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O nome Galiza, da província romana, procede da tribo dos moradores na desembocadura do Douro (calecos)- zona da actual cidade de Porto, a velha Portuscale e cale vem de Caleci (galegos, e dizer a etimologia seria Porto dos Galegos).
Prof. Higino Estevez (autor de “Gramática Comparada Del Céltico Antiguo”)

Bom, foi esse nome que se aplicou a todo o noroeste, quando se converter em província romana dividida em três conventos: Lucenses, Austuricenses e Bracarenses; conhecidos a sua vez os conventos por ártabros (do norte), austuricos (do leste), e grovios (celtismo que significa - da terra quente- é dizer do sul.
César Munhiz - PGL - Portal Galego da Língua

O professor Armando Coelho (da Universidade do Porto) tem assinalado que Portugal não pode ficar com uma história política que só é conhecida a partir dos limites do actual Estado: «há informações em termos de pervivências que não são inteligíveis se nós fizermos a nossa história só desde o começo da nossa nacionalidade".

No ano 1998 celebrou-se em Portugal o referendo pela regionalização, onde ganhou a opção que advogava pela continuidade centralista. Mas hoje, quanto já têm transcorrido uns quantos anos desde essa cita; são de novo, numerosas as vozes, que reclamam com força a necessidade de recuperar e implementar a ideia da regionalização. O mal-estar nas periferias, nomeadamente no norte, não deixa de acrescentar-se cada dia, agravado pelos desequilíbrios territoriais que o modelo actual tem propugnado.

Nesta ordem de coisas, a nossa proposta lançada desde a Galiza (…) seria dirigida cara a ideia de tentar levar a termo um novo processo de descentralização, na linha do que estabelece a própria Constituição da República. Processo pelo qual, o norte do país (conformado pelas actuais províncias de Douro, Minho e Trás-os-Montes), fosse englobado numa só entidade regional autónoma …

Esta nova Galiza portuguesa viria entroncar com a Galiza espanhola na actual Euro-região Galiza-Norte de Portugal, que ainda hoje se encontra na fase mais inicial do seu desenvolvimento, mas que conta com amplas potencialidades no contexto europeu …

Luís Magarinhos Igrejas - PGL - Portal Galego da Língua

domingo, 13 de maio de 2007

Região Portucalense

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passinho a passinho
se faz o caminho
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"Presentemente, a oligarquia política e financeira instala as estruturas de uma Europa devoradora das nações que a constituem, construindo um espaço económico isento de cultura tradicional e, consequentemente, inibidor de afirmações nacionalistas.
Uma Europa de populações, que não de povos, convertidas em massa amorfa de consumidores !

O amálgama de nações em países, iniciado há séculos por nobrezas de auto-nomeação, impostas pelo sabre e pelo hissope, preverteu a realidade cultural de uma Europa que, depois de massacrada por uma religiosidade alógena, retalhada e remendada ao sabor de impérios, monarquias e repúblicas, invadida, bombardeada e ocupada por forâneos que lhe ditaram a norma política em que deveria sobreviver, não perdeu as profundas raizes de um conjunto de povos que não foram eleitos por nada nem por ninguém, senão por si mesmo !
in Gallaecia
13/04/2007
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A Região Norte de Portugal e a Galiza (Noroeste Peninsular) formam um território de 50 000 quilómetros quadrados onde vivem seis milhões de pessoas, unidas por uma cultura e uma etnia maioritariamente comum.

O Noroeste Peninsular é, ainda, essencialmente rural (um bem a preservar) embora com um sistema urbano disseminado uniformemente por todo o território, essencialmente composto de pequenas cidades se exceptuarmos Porto, Vigo, Braga e Corunha.

Economicamente distinguimos uns vinhos únicos do mundo (Porto e Alvarinho), têxteis, mobiliário, construção naval, fabrico de automóveis, produção eléctrica, novas tecnologías, criação de gado (carne, leite e peles), pescas, importantes grupos de distribuição alimentar, rede de estâncias termais, turismo gastronómico, de praia e de montanha etc.

Excelentes portos marítimos (Vigo, Leixões, Corunha, Viana), quatro aeródromos internacionais (1 no Norte e 3 na Galiza), modernas redes rodoviárias e ferroviárias, Universidades de excelência etc, etc.

Independentemente do antes dito, é sociologicamente incontestável que Galiza e Norte de Portugal formam uma unidade étnico cultural que é um paradigma de Nação.
Essa realidade é perfeitamente ressentida numa simples viagem e consequente diálogo com as gentes locais, assim como é verificável um desfazamento (essencialmente cultural) entre o Norte de Portugal e o resto do País.
Meter a cabeça na areia, como o avestruz, não altera em nada a realidade!

Significa isso que devemos propugnar uma integração "imediata" entre o Norte e a Galiza?
Pese à História, e à pré-História, que evidenciam uma identificação etno-cultural entre as duas regiões, a mesma História também nos mostra que existe uma separação "de facto" entre as citadas regiões, uma separação política que persiste há mais de oito séculos, e que, tendo sido incorporadas cada uma delas num "país" diferente, provocou "fracturas" que têm que ser tomadas em consideração.

Enquanto o Norte permanece "integrado" em Portugal, administrativamente e politicamente dependente do governo instalado em Lisboa, culturalmente sujeito a um colonialismo omnipresente em todos os meios de comunicação (principalmente na rádio e televisão), a Galiza está há anos com governo autonómico próprio, o que lhe permitiu ir progressivamente criando os seus quadros técnicos, instalar meios de informação galegos (jornais, rádios e televisões), organizações políticas, sindicatos e universidades não-dependentes de Madrid, etc, etc.
Propor uma "integração" Galiza-Norte, não corresponderia a um sinoceismo, mas sim a uma absorção de um Norte autonomicamente inexperiente, economicamente desiquilibrado, totalmente dependente do bom ou mau humor do Terreiro do Paço, por uma Galiza pujante e decidida, antes de mais, a obter um novo mercado para os seus produtos, sejam eles industriais, comerciais ou culturais.
Consideramos que, pelo menos na actualidade, e num futuro a médio prazo, é absolutamente imprudente (pelo menos) sugerir semelhante solução.

Devemos, e com urgência, conseguir a Regionalização do Norte, avançar numa autonomia como a da Madeira (por exemplo) e ir formando técnicos e políticos capazes de consolidar a nossa alternativa, sem menosprezar os contactos priviligiados que podemos (e devemos) manter com as outras regiões portuguesas, obviamente em contactos bi-laterais, sem dependência de nenhum Estado centralista.

Se quizermos elaborar uma espécie de eixo sintagmático, poderiamos, sinteticamente indicar os passos a seguir, planificando as acções de uma 1ª fase:
- obter a Regionalização, que obviamente seria dentro de um quadro de grande dependência pois o Estado-central não cederá facilmente.
- conquistar, progressivamente, mais autonomia (informativa, cultural, administrativa e financeira) e demonstrar ao povo o beneficio da solução.
- avançar para uma verdadeira descentralização política formando, como na Galiza, um governo autonómica, dentro do contexto politico portugués.
- desenvolver contactos priviligiados (directos) a nivel económico e cultural com a Galiza e com as outras regiões portugueseas.

A partir desta fase, programar algo seria política-ficção, e esse não é o nosso propósito.
Relativamente ao apresentado, mantemo-nos "à escuta" dos argumentos, a favor e alternativos,.
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O "JN" promoveu um inquérito entre os leitores sobre a Regionalização.

A Regionalização voltou ao debate político.
Está favor ou contra? Com ou sem referendo?

Na semana entre 05/05/07 e 12/05/07 o resultado foi:
1: a favor, sem referendo…..…..55 %
2: a favor, com referendo…..…. 21 %
3: contra a regionalização……..22 %

Assim que : 76% a favor e 22% em contra…

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Regionalização !




É urgente actuar
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Resumo da entrevista do JN a Valente Oliveira (VO), vice-presidente da AEP
em 03.Maio.2007
(AEP - Associação Empresarial de Portugal sedeada no Porto e fundada em 1849)

(…)
JN - Há líderes no Norte?
VO - Tenho a vantagem de dizer isto há 30 anos : precisamos de líderes não só científicos (que temos), não só empresariais (que temos), mas políticos.
Precisamos de líderes regionais. Não pode ser um líder local transformado em regional, sem ser legitimado pelo voto regional. Isso é fatal.
O que é que se precisa neste momento?
De alguém com poder de convocatória grande, para convocar as universidades, associações, empresas, serviços, para resolver problemas de isolamento. Não há redes, precisamos de alguém com legitimidade para as tecer.

JN - Há pessoas que podem tornar-se esses líderes?
VO - Acho que sim.

JN - Quer identificar?
VO - (...)
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(…)
Um estudo de uma Universidade portuense a divulgar factores económicos era (considerado) uma forma de regionalismo provinciano e ultrapassado.
Qualquer, mas qualquer coisa, que fosse relacionada com o Norte, vindo de entidades ou instituições nortenhas significava pequenez, mesquinhez, complexos de inferioridade.
Porém, se uma qualquer instituição alentejana enaltecesse os cantares alentejanos era visto como forma de orgulho e não como um perigo para a integridade nacional.

Ha que ultrapassar este complexo de afirmação na nossa identidade e todos devemos unir-nos com o intuito de melhorarmos, evoluirmos e recuperarmos o estatuto de região líder do país, pois isso não revela problema algum.
Revela sim é competência, dignidade e competitividade. Que são atributos que estão em falta e que se revelam necessários para o processo de recuperação económica da região.
Deixemos de ter os complexos de que quem reclama é como quem mendiga.
Quem reclama é porque quer mais. É porque se sente injustiçado. É porque quer crescer e não pode.
Deixem-nos respirar e seguir caminho pelos nossos pés.
Evoluiremos. E o país também.

in Calécia
http://calacia.blogspot.com/03/05/2007

terça-feira, 8 de maio de 2007

Viagens na minha terra...




em defesa das ferrovias

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Linha do Douro

I

O conceito dos rios como fronteiras, como espaço "atemporal" entre a vida e a morte (e.g. o rio Lethes) é uma interpretação romana bem distante do conceito dos celtas e gregos para quem os rios são dons da Natureza, energias fluviais que unem os povos, não os separam…
Assim, as diversas tribos galaicas que habitavam o noroeste peninsular, estendiam-se desde o Atlántico aos montes asturianos e do mar Cantábrico à margem esquerda do rio Vouga, e em seguida até à margem direita do rio Côa (Cua dos romanos), um rio que faz um percurso Sul-Norte, fronteira natural entre celtas vettones e os celtiberos lusitanos que seguia depois a margem esquerda do Douro.

O rio Douro nunca foi uma fronteira, mas sim uma artéria de vida entre as comunidades celtas que habitavam as suas margens, daí a importância que para nós representa a linha férrea que serpenteia ao longo do grande rio.

Das linhas ferroviárias nortenhas consideradas secundárias pela "administração central", apenas a do Douro reberá, até 2013, um pequeno investimento no troço entre Porto e Régua, enquanto as de "via estreita" (Tua, Corgo, Tâmega e Vouga) aguardam que "capitalismos disponíveis" as prostituam como destinos turísticos.
Para o governo de Lisboa a prioridade centra-se na chamada "rede de alta velocidade", em detrimento de todas as outras "redes" que seguem submetidas à trilogía "mais degradação - menos utilizadores - maior prejuízo", e consequente abandono!
As empresas de camionagem são cada vez mais omnipresentes, repartindo o bolo entre elas e… muito provavelmente com alguém mais.

Segundo afirmou ao "JN", Júlio Meirinhos, presidente da Região de Turismo do Nordeste Transmontano :
"Um dia virão pessoas que pratiquem uma gestão inteligente, que hão-de-arrepender-se de terem deixado degradar estas linhas".

O presidente da Região de Turismo da Serra do Marão, Armando Miro, nota, porém, que as linhas "não são rentáveis" quando exploradas apenas turisticamente. "Funcionam três ou quatro meses. E depois?". A resposta vem logo a seguir "Ou as linhas são entendidas dentro de uma política global de transportes públicos ferroviários, ou então não vale a pena, pois o prejuízo será muito maior".

II

Construida pela Direcção dos Caminhos de Ferro do Douro (independente até 1927) e inaugurada em 2 de Dezembro de 1887 pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, a paisagem ao longo da linha do Douro, desde o Porto, varia entre tonalidades de verde e o colorido das casas das gentes que vivem ao longo do percurso, entre terrenos agricolas e serra bravia.

Logo depois da estação de Caíde, o comboio entra num túnel que rompe as entranhas da terra, mergulhando-nos nas trevas ctónicas durante mais de meio minuto, fazendo-nos apreciar a claridade solar que nos aguarda do outro lado.

O arvoredo, salpicado de hortas que nos indiciam terra fértil, abre-nos um ambiente oxigenado e espaço livre… A recordação da urbe vai-se diluindo com a nostalgia da vida trabalhosa mas relaxante do campo.

Ao fim de uma hora de viagem, ainda falta outro tanto para chegar à Régua, há cada vez menos casas, a paisagem vai ficando mais rural e começa a presentir-se o Douro e as suas encostas que se elevam nas duas margens, repletas de vinhedos.

Ao chegar à Régua fazemos o transbordo para uma composição rebocada por uma locomotiva a vapor, conjunto conhecido como “Comboio Histórico” e iniciamos o percurso de 30 km entre a Régua e Tua.
O trajecto tarda cerca de 2h30 durante os quais a velha locomotora, resfolgando e apitando, queima cerca de 1000 quilos de carvão e 1500 litros de água.
O percurso, agora abandonado, da Linha do Tua (que ligava Tua a Bragança) foi inaugurado a 29 de Setembro de 1887, com a presença de El-Rei Dom Luís e da rainha D. Maria Pia.

Nos confins do Alto Douro, junto à fronteira espanhola, uma velha linha de comboio jaz no fundo dos vales, esquecida e desgastada pela passagem do tempo.
Esta velha linha, onde outrora passavam os comboios que ligavam Porto a Paris, está abandonada desde 1985.
O troço foi construído no final do século XIX, compreende vinte túneis e dez pontes, constituindo uma formidável obra de engenharia.
O percurso entre a estação espanhola de la Fregeneda e a estação portuguesa de Barca d'Alva, numa extensão de 17km, é conhecido por "Rota dos Túneis" (Ruta de los Túneles) e actualmente constitui um interessante percurso pedestre.
É possivel continuar o percurso (andando) ao longo do Rio Douro até ao Pocinho, que actualmente representa o términus da circulação ferroviária da Linha do Douro, passando pelas abandonadas estações de Barca d'Alva, Almendra e Foz Côa.

Em Figueira de Castelo Rodrigo, em 1976 residiam três mil habitantes… hoje resistem 600.

A viagem pela linha do Douro, do Porto até ao Pocinho, parece uma virtualidade com o comboio a circular tranquilamente sobre a água. Visão indescritível de uma paisagem que a mão humana mal tocou!
Porém, a possibilidade de que a linha seja interrompida na Régua é uma ameaça permanente.
Enquanto existe, é a garantia de um passeio inesquecível.

Como pode o Terreiro do Paço ter sensibilidade para se aperceber de quanto tudo isto representa para nós, nortenhos ?!

Devemos ser conscientes de que as vitórias não são prendas, são conquistas !
E a Regionalização será uma conquista… se nós quizermos.
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-> a Linha do Douro foi construída e inaugurada pelo Estado, através da Direcção dos Caminhos de Ferro do Douro (que só passou a fazer parte da Companhia Portuguesa dos Caminhos de Ferro (CP) em 1927, tendo iniciado actividade em 1873.
A abertura ao público do troço entre Ermesinde – Penafiel ocorreu em Julho de 1875.
Posteriormente foram sendo inaugurados troços sucessivos, tendo o comboio chegado a Barca de Alva em 2 de Dezembro de 1887, cocluindo assim a Linha do Douro.
O troço de Barca de Alva até a fronteira fazia parte da exploração da Compañía del Ferrocarril de Salamanca (1871-1928).

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Eleições na Madeira !





"o povo apoia a regionalização"
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Os profetas do "politicamente correcto" anunciavam uma derrota estrondosa de Alberto João Jardim, com motivo do seu discurso regionalista-autonómico, quase nacionalista…
O resultado de ontem (06/05/2007) fala por ele mesmo :
- em 2004, Jardim alcançou 53,6% dos votos, agora em 2007 conseguiu 64,2%.

"Deixem a Madeira e o seu povo trabalhar", apelou.

"Portugal não pode continuar doente com a permissividade em males sociais graves como a droga.
Doente com absurdos a que chamam causas fracturantes, mas que mais não são do que decadência, inversão de valores, ausência de cultura, tragédias familiares e aumento da criminalidade",
disse Jardim.

"Recuso que a Madeira esteja sujeita a uma inflação legislativa nacional incompetente, a qual obstrui sistematicamente o investimento, alarga a praga burocrática, asfixia a economia e provoca o desemprego".
"Recuso a montagem de um Estado policial em Portugal destinado também a perseguir quem não alinha pelo pensamento único subtilmente institucionalizado", acrescentou.

Alberto João Jardim disse ainda recusar "um aparelho de justiça ideologicamente penetrado, mediaticamente exibicionista e que invada áreas dos restantes poderes de Estado".

O líder madeirense sustentou apoiar "todas as movimentações populares democráticas que visem mudanças de fundo em Portugal".

"Defendo o princípio da unidade diferenciada, em que a Madeira, no quadro da unidade nacional, tem direito ao seu sistema de desenvolvimento próprio e diferente, ficando para o Estado apenas as competências que consubstanciam a essência, e só esta, da mesma unidade nacional", frisou ainda Jardim.
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comentário:
Que a Madeira nos sirva de exemplo.
Regionalização JÁ!

domingo, 6 de maio de 2007

Escócia : passinho a passinho...




Vitória eleitoral do SNP


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Os nacionalistas do Partido Nacionalista Escocês (SNP), chefiado por Alex Salmond, partidários da independência escocesa, obtiveram uma histórica vitória nas eleições autonómicas realizadas na quinta-feira (03 de Maio).

Os 47 membros do SNP eleitos para o Parlamento de Edimburgo reuniram-se hoje para celebrar o resultado eleitoral e o seu presidente, Alex Salmond, anunciou que vão iniciar conversações para preparar a coligação que lhes permita governar.

Num total de 129 lugares;
SNP 47
Laboristas 46
Conservadores 17
Liberal democratas 16
Verdes 2
Independente 1

Os partidos têm agora um prazo de 28 días para decidir as suas alianças e formar a nova administração, que até agora estava integrada pelos laboristas (socialistas) e os liberais democratas.

Nicola Sturgeon, número dois do SNP, anunciou que haverá um "referendum" sobre la independência, no que é apoiado pelos Verdes.
Os liberal-democratas, até agora, não se têm mostrado entusiasmados, mas Iain Smith, um dos parlamentares liberal-democrata eleitos afirmou que o seu partido considerará todas as opções durante as negociações para formar a coligação de governo.

O Parlamento de Edimburgo não tem competência sobre política exterior, imigração, defesa, segurança social, emprego e segurança nacional, temas sobre os quais decide Londres.
Não obstante, o tema da imigração arrisca iniciar um conflito entre Edimburgo e Londres.

sábado, 5 de maio de 2007

Viagens na minha terra...

Memórias de Tormes

Viajando no comboio do Douro (1) desde o Porto, após cerca de 1 h 40 mn desembarcamos na estação de Aregos.
Aregos que, por circunstâncias da "A cidade e as Serras" do Eça de Queiroz, também é conhecida como Tormes, está próximo da povoação de Vila Nova, onde se encontra a "Casa de Tormes", a mansão onde residiu o citado escritor.

Desde a estação de Aregos/Tormes decidimos caminhar até à casa de Eça, hoje propriedade da Fundação Eça de Queiroz, um passeio bonito, mas cansativo… cerca de 300 metros sempre, sempre a subir !

O caminho íngreme e alpestre da estação até à quinta é simplesmente maravilhoso.”
Eça de Queiroz in "Carta a Emília de Castro", datada de 28 de Maio de 1892

No alto daquelas serranias estamos num miradouro de beleza sobre o rio, lá no fundo, e até onde a vista alcança contemplamos uma paisagem deslumbrante nas lonjuras d' além Douro, o "Durus" latino, derivado do celta "dwr" ("água").

Aregos (S. Romão de Aregos), que já no século X era nomeada como "villa de Sancti Romano", o "Castro Arecos" dos celtas, é para mim algo mais que a Tormes do Eça pois, aí nasceu António, meu avô paterno, e sua mãe Joana, que ainda conheci.

A casa de Tormes recorda Eça, como a casa de Romarigães" lembra Aquilino e a casa de S. Miguel de Seide relembra Camilo…
Casas com carácter para homens com temperamento. Um apelo ao lar… um grito à tradição !

Mas, as serras não são apenas paisagem… são gente, costumes e formas de ser…
De ser, de sobreviver, viver e conviver.

Serra acima, os contrastes são evidentes. Há lugares onde o tempo se perdeu por caminhos e encruzilhadas e não mais encontrou o rumo. Nas aldeias ainda se amanha o trigo para renovar as coberturas de colmo das casas de granito, mói-se o trigo e o centeio em seculares moinhos de água, assa-se o cabrito e o anho em fornos de lenha e cozem-se as falachas (doces de castanha).
Romarias, festivais de folclore e feiras não faltam nestas paragens. Se os dias são de festejo, expõe-se o artesanato, o barro preto de Fazamões (do outro lado do rio), os cestos de vime ou as toalhas de linho. Canta-se, dança-se, bebe-se e provam-se iguarias.

E uma das formas mais tradicionais de conviver realiza-se habitualmente à mesa, pelo que, seguindo o conselho de Eça, "atacamos" a ementa, acompanhada de um excelente tinto do Douro.

Começamos pelo "caldo de galinha" :
Desconfiado, provou o caldo que era de galinha e rescendia. (…)
Estava precioso: tinha fígado e tinha moela: o seu perfume enternecia: três vezes (…)
in "A Cidade e as Serras"

E, depois desta gastronómica "obertura", passamos lampeiros ao "corpo da sinfonia", um consistente "arroz de favas com chouriço" :
E pousou sobre a mesa uma travessa a transbordar de arroz com favas. (…)
Tentou todavia uma garfada tímida (…)
Outra larga garfada, concentrada, com uma lentidão de frade que se regala. Depois um brado: - óptimo!...
Ah, destas favas, sim! Oh que fava! Que delícia!
in "A Cidade e as Serras"

Um pouco de creme queimado e um sorvo de vinho de Porto completa-nos o repasto !

Após uma barulhenta e bem animada partida de dominó, disputada numa pequena adega, rodeados de pipos e de salpicões pendurados nas travessas do tecto, assistimos a um esplêndido e colorido pôr-do-Sol que, na retina, nos acompanhará no regresso à grande urbe.

O dia terminado, vencendo timidamente o sono e o cansaço que nos invadem, vamos lendo o nome das estações … Mosteirô, Juncal, Marco de Canaveses, Paredes, Ermesinde…
Decididamente envoltos no manto de Morfeu, acreditamos ver, sentado frente a frente, um "peraltado" cavalheiro de grandes bigodes… Eça acompanhava-nos !

A digressão valeu a pena !
Aliás, como diz o poeta, "vale sempre a pena quando a alma não é pequena…" !
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(1) A linha ferroviária do Douro uma notável obra de engenharia que durou 12 anos, concluída em 1887, tem 203 Km de extensão desenvolvendo-se na sua maior parte junto às margens do rio Douro, ligando o Porto ao Pocinho.
Há cerca de 15 anos que o trajecto de Pocinho a Barca d'Alva (28 Km) foi abandonado por razão de rendibilidade, o que não impede que se faça o percurso… andando, junto ao rio, cerca de 8 horas sobre a antiga via ferroviária… somente para "iniciados" na marcha !

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Basta de atentados ao bom-senso

TGV … para quê ?


Será que para ir implorar favores, ou serviços, ao Terreiro do Paço já não bastam estradas, auto-estradas, uma dezena de combóios diários, mais não sei quantos vôos?

Aos funcionários públicos, aos empregados bancários, aos marçanos de todos os negócios que lá vão ganhar uns extras, tomar uns "cupinhos de lête" e espreitar por debaixo dos saiotes do Marquês, não basta o que já existe?
Para quê tanta pressa?

Justifica essa vassalagem que se gastem mais milhões de milhões num combóio-foguete, que chegará uns minutos antes a L'jbôa ?
Bem sei que também permitirá regressar ao Norte mais rapidamente… nem tudo são desvantagens!

Não obstante, creio que a regionalização, descentralizando e esvaziando os gabinetes da "báxa alfacinha", evitaria muitas dessas viagens, e poderiamos aplicar os milhões na linha do Minho e na linha do Douro, na linha do Corgo e na linha do Tua, na linha do Tâmega e….

Promovendo o transporte de passageiros e mercadorias pela ferrovia, evitariamos que se espalhassem mais milhares de toneladas de cimento e asfalto através das nossas maravilhosas serranias.
Queremos preservar a natureza!

Quanto ao TGV, que o façam entre L'jbôa e Madrid, entre o Al Gharb e a Amadora.
Pouco importa!
Mas que não o façam com o nosso dinheiro.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Um pouco de História





de "Alis Ubbo" a "L'jbôa"
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No neolítico os primeiros iberos chegam à foz do Tejo, e no século VII EP aí se fixam os Cempsi e os Saefes, iberos de cultura celta.

Entre 1220 e 128 EP os fenicios instalam um mercado permanente que denominam Alis Ubbo e que compartem com os cartaginenses, outro povo do norte de Africa.
Num breve periodo, também os gregos tentam um entreposto comercial (denominado Olissipo), mas abandonam por pressão dos norte-africanos (cartagineses) que então controlavam o Mediterrâneo, via utilizada pelos gregos.

Os romanos são senhores da região entre 218 EP e 408 EA, denominando a cidade como Felicitas Julia.

De 408 a 714, suevos e visigodos, alternadamente, atacam, saqueiam e ocupam a cidade, denominada pelos últimos como Ulishbona.

Mas, os norte africanos regressam, e os mouros, chefiados por Abd al-Aziz ibn Musa bin Nusair, tomam a cidade em 714, que passa a chamar-se Ushbuna, e igualmente se apoderam de al-Santaryn (Santarém).
Constroem um centro urbano, o bairro de Alfama ("al-hamma"), e a cidadela de al-Madan (Almada).

Somente quatro séculos depois, em 1147, Ushbuna é conquistada aos mouros por uma força militar mercenária (cruzados) paga por nobres do Centro e Norte, e em que também participaram (com valentia) algumas tropas conduzidas por Alfonso Anriques.

Na cidade, o bairro da Mouraria foi destinado à população muçulmana, que mantinha uma mesquita aberta aos crentes (na actual Rua do Capelão).

Os muçulmanos, para continuarem a trabalhar as hortas existentes nos limites da cidade, eram obrigados a pagar um imposto denominado "salaio", de onde provém o termo "saloio" que acabou por designar os que habitavam os limites geográficos da cidade.
Aliás, o termo "alfacinha", que designa os habitantes da cidade, tem a sua origem no consumo de alfaces cultivadas pelos mouros e consumidas (em grandes quantidades) pelos habitantes da urbe.

A dificuldade dos árabes em pronunciar a lingua galaica, e posteriormente o galaico-português, está na origem da "curiosa" pronunciação (ortoépia) que ainda no presente se mantém na região "saloia", e que o governo central pretende exportar para as outras regiões submetidas ao colonialismo cultural de Ushbuna ou, pós-pós-modernisticamente falando, L'jbôa.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

A colonização cultural






"por uma Rádio
e uma TV regionais"
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I

Numa sexta-feira ("veneris") do fim de Março, depois de duas semanas passadas noutro local da Europa, ao regressar a casa liguei a rádio.
Apetecia-me ouvir falar português e ouvir música portuguesa !

Sintonizei, aleatoriamente, a Rádio Comercial e… ouvi uma senhora despedir-se de um enfatuado locutor dizendo : "Êntão até segunda-fêra…".
Logo a seguir, a mesma senhora anuncia o nome do programa : "Coffee break" !
"Lisbon" transmitia estrondos e ruidos de uns esganiçados "british" gritando pela mãe (creio eu…), enquanto se escutavam saloiadas do género :
"Aquí em "L'jboa" "omenta" o calor e cada vez "más" apetece a "pichina"…
Depois comentava uns problemas de trânsito automóvel entre um "CRIL" e uma ponte!
Obviamente , não continuei a ouvir semelhante "exportação" de problemas caseiros…

É imperativo que se comece a exigir uma Rádio e uma TV regionais, verdadeiramente regionais, não como extensão das comunicações provenientes de "Al Xabuna" !
Como se a um habitante de Chaves, Mirandela ou Guimarães lhe interessasse minimamente que na Calçada de Carriche exista ou persista um problema de trânsito…

Nada tenho contra o facto de que na Estremadura exista uma ortoépia diferente, pois traduz uma interpretação forânea da original lingua galaico-portucalense.
O que sinceramente me penaliza é a sua imposição em regiões onde soa a "estrangeirismo"… como se já não bastassem as telenovelas cariocas !

Deveriamos, concomitantemente com um omnipresente apelo à Regionalização (Região Norte), propagar do Minho ao Douro e a Trás-os-Montes a consigna de que "temos orgulho na nossa pronúncia", origem da lingua, sem deturpações mouriscas nem caipiras, e um sentimento elevado de "Ser do Norte" !

II

A população de Portugal, eufeudada por séculos de centralismo redutor e intelectualmente castrante, acabou por adquirir, mais por carácter que por temperamento, mais por contágio social que por tradição cultural, uma exacerbada tendência em considerar o diálogo como enfrentamento, a reflexão sobre um tema que nos é apresentado, como uma perda de tempo, a aceitação de estar errado, como uma derrota, e uma conveniente aceitação de um argumento diferente do nosso, como uma inaceitável deshonra.
Daí, a quase impossibilidade de "colocar" uma nova perspectiva, um novo conceito que, na generalidade cultural como na particularidade política, possam desbloquear situações que estão "evidentemente anquilosadas", no tempo como na perspectiva.
Se a isso juntarmos o habitual provincianismo bacoco de que "no estrangeiro é que se criam as ideias, e a nós compete-nos copiar", temos completado o quadro do entorpecimento cultural que por aí grassa.

Às possíveis expressões culturais, reflexo de vivências diferenciadas dos povos habitando territoralidades dispersas do Minho ao Algarve, impõe-se a moda da capital cosmopolita que, etiquetando as manifestações regionais de provincianismo, mantém uma visão saloia desde uma perspectiva obtusa centrada nas portas de Santo Antão.
Para a Babilónia-sobre-o-Tejo só interessa um ideal de Imperium…

Porém, às nações que constituem o pais Portugal, cada vez mais se vai abrindo a perspectiva de se assumirem como entidades culturais capazes de criarem e desenvolverem projectos próprios sem necessidade de recorrer à boa ou má disposição dos agrimensores do Terreiro do Paço.

Numa perspectiva inteligente de cooperação, Portugal, rico das nações que o constituem, poderia ser um factor de desenvolvimento da desejada Europa dos povos.

terça-feira, 1 de maio de 2007

A ignorância não explica tudo...




Gaia… a mediterrânica
ou
Gaia... a gaélica ?
.

"
Li hoje no jornal Público a notícia da pretensão da edilidade gaiense em atrair investimentos ingleses, tendo para isso apresentado um projecto na capital inglesa.
(…)
A iniciativa até prima por ambiciosa. E revela o interesse em revitalizar o centro histórico da cidade.
Mas pergunto se será com a tranformação deste em instãncia turística que se revitalizará o que quer que seja.
Mais se ganhava com um verdadeiro plano de recuperação dos edifícios degradados (que não me parece ser este o caso), tranformando-os em equipamentos de divulgação cultural e habitação ao alcance das bolsas dos jovens, respeitando sempre o seu traço arquitectónico.
O centro histórico de Gaia prima por uma atmosfera romântica e ao mesmo tempo industrial do séc. XVIII e XIX que deve preservar-se. E não só a arquitectura do espaço como a sua atmosfera devem ser alvo de medidas que visem preservar as suas peculiares características.

Mas o que me causou realmente espanto e o que fez com que abordasse aqui esta notícia foi a afirmação da intenção de fazer de Gaia a "pequena Londres do Mediterrâneo.
Pequena Londres do Mediterrâneo?
(…)
Dizer que Gaia é mediterrânica é o mesmo que dizer que a Turquia é europeia. Não é!
Nem uma é europeia nem a outra é mediterrânica.
(…)
(Gaia) fica situada na costa atlântica, tem clima atlântico, é verde, granítica e fria.
Mais a sul, dentro do país de que faz parte há um clima que se assemelha ao clima mediterrãnico. A cultura desta região do país pode ser considerada mediterrânica, dependendo das prespectivas.
Mas Gaia não se insere nesta região. Insere-se numa região húmida, verdejante e é banhada por um mar bravio e frio que se espalha pelas suas praias rochosas. Dizer que é mediterrânica é dizer uma energumenidade de todo o tamanho.
(…)
Gaia é Atlântica. É fria. É rochosa e granítica.
É de ventos fortes e provenientes do norte. Cheira a mar e a terra húmida. É de gentes moldadas pelo clima e pela terra.
Em tudo o Atlântico está presente na sua aura.
E isso sente-se nas gentes, na sua cultura, na sua gastronomia, na sua música e no seu espírito e carácter.
(…)

reproduzido, com a devida vénia, de um artigo publicado
in http://calacia.blogspot.com/
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comentário:
Não, não é somente ignorância !
Traduz sim, uma qualidade muito em voga na democracia ambiente : a estupidez !
Se a edilidade, em vez de consultar funcionários ignorantes e servis, perguntasse ao povo, talvez o titulo da promoção fosse :
"Gaia, a gaélica !"