segunda-feira, 11 de junho de 2007

Assim se entende a gente ! (1/5)



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contra as normalizações
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Um grupo de linguistas mandatado pela Unesco alertou para o desaparecimento de linguas minoritárias que, desde os anos 90 do século passado, se processa a um ritmo sem precedentes.
Dentro de um século, 60 % desta riqueza cultural (constituida por cerca de 5.000 linguas) poderá ter desaparecido se se mantiver a corrente média de vinte a trinta linguas desaparecidas cada ano.

Cerca de 96 % da população mundial fala apenas 4 % das linguas existentes e, inversamente, 4% da população fala 96% dos idiomas existentes, uma tendência que confirma uma lenta, mas evidente perda da diversidade.

Desde a Alta Antiguidade que se observa o desaparecimento de linguas, como por exemplo o sumério falado na Mesopotâmia no 4ª milénio antes da Era Actual (EA).
Uma lingua não-semita (nem indo-europeia) que, rodeada de povos de expressão semita, se esvaeceu para sempre, num processo histórico inexorável incluido nas vicissitudes do fluxo-refluxo dos conflitos de interesse entre povos. Porém, desde o inicio dos anos 1990, a globalisação dos mercados, o hábito compulsivo de viajar, a emergência de sistemas de informação englobantes e a moda da actividade frenética, aceleraram o "processus" de normalização, desenvolvendo a linguagem veícular, a linguagem conjuntural impondo a perda sustentada da linguagem como suporte cultural.

Com a retirada do poder politico dos Estados europeus, os novos países de África, América e Ásia iniciaram a construção de identidades nacionais ficticias para manter as fronteiras coloniais, as que satisfaziam os interesses das "multi-nacionais".
Tal como séculos antes na Europa, os povos foram amalgamados em populações sem o minimo respeito pela expressão cultural de qualquer deles e, obviamente, o património linguístico foi um dos mais perjudicados, atendendo ao afã dos políticos de turno em "normalizar para melhor controlar".

Na Europa, como mencionamos, o amalgama de povos concentrados em Estados-nação, provocou igualmente um empobrecimento linguístico provocado pelo interesse politico das oligarquias em "anular" toda e qualquer manifestação centrífuga relativamente ao poder-central, o que vai deteriorando as linguas não consideradas como "oficiais" pelo centralismo-politico, o que leva a considerar em perigo de desaparecimento as linguas basca, bretã, corsa, gaélica, galaica, lombarda e sami (norte da escandinávia).

Os povos europeus, submetidos à avassaladora propaganda difundida pelos meios de comunicação controlados pelos Estados centralizadores, deixam de transmitir às novas gerações as suas próprias linguas com receio que essa expressão seja um obstáculo à integração nos circuitos económicos preponderantes e constitua um factor de marginalização.

Dentro do citado processo de construção dos países, também se perdem dialectos e ortoépias em favor de linguagens normalizadas impostas pelos centralismos das capitais políticas.
Com efeito, dentro de uma mesma lingua, coexistem expressões idiomáticas particulares ao núcleo cultural que a utiliza, falares e ortoépias diferenciadas que são uma imperdível riqueza da diversidade linguística popular.

Em Portugal, pense-se na diferença de pronúncia, de sotaque ou de linguajar no norte, que mantém a original pronuncia "b" face ao "v" da linguagem "construida" a sul do Vouga, ou a persistência do ditongo "ei" face ao sotaque do sul, onde é subsumido ("ribero" em lugar de "ribeiro", etc.), ou no ditongo "ou" que muda para "oi" (ouro/oiro).
A pronúncia do "s" Beirão, os dialectos de Castelo Branco e Portalegre ou do barlavento algarvio, ou de Olivença, as variáveis em vocalismo e consoantes, etc., que Fernão de Oliveira informa na sua "Gramática de Linguagem Portuguesa", em que verifica o fenómeno, no sul, de engolir as vogais.

As divergências entre os falares de norte a sul e do interior ao litoral, não afectam a unidade estrutural linguístico da faixa atlântica da Galiza-Portugal e devem ser respeitadas, principalmente pelos mais interessados, que são aqueles que assim se expressam.

Uma chamada de atenção para o facto de que :
1. o "mirandêz" é uma lingua com direito próprio (decreto lei de 29/01/1999);
2. o galego "tradicional" mantem falares que são autênticas relíquias do galaico-português;
3. o galego "oficial" (inventado na época de F. Albor, 1º presidente da Xunta de Galicia) é uma "coisa" castelhanizada que nem chega a "portunhol";
4. o brasileiro é uma descaracterização do portugués que não deve, de forma alguma, influenciar a nossa escrita nem a nossa ortoépia;.
5. se, como intentam os governos centrais, o galego continuar a espanholizar-se e o português a prosseguir a sua brasileirização, dentro de uns anos qualquer semelhança entre o galego e o português será "pura coincidência".
6. se os Palop estão interessados em falar e escrever o português, ajudemos a que o aprendam, com renúncia a qualquer concessão gramatical ou vocabular.
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continua para 2/5 : "modos de falar"

2 comentários:

Anónimo disse...

El gallego oficial inventando por el tándem Fernández Albor/ Fraga Iribarne, responde al poco amor por la lengua gallega que tenía el Sr. Fraga Iribarne, que en los años 60 del siglo pasado se avergonzaba de su condición de gallego y remarcaba su presunta condición de vasco (Iribarne).........Hasta multó al Sr. Andrés Hernández, director de una emisora de Radio Popular en Galicia, por emitir programas der¡ radio en gallego (Don Manuel Fraga era Ministro de Información y Turismo)..........

Anónimo disse...

Sim, é uma pena que várias línguas e pronuncias comecem a desaparecer. Mas com isto a Unesco e várias entidades preocupam-se, já com as etnias infelizmente ninguém se preocupa e todos querem ver o seu fim.


"o que leva a considerar em perigo de desaparecimento as linguas basca, bretã, corsa, gaélica, galaica, lombarda e sami (norte da escandinávia)"

Na Suécia há várias línguas que correm o risco de desaparecer, e línguas europeias, não de origem não europeia como a língua sami que nada tem a ver connosco.
A língua da Scania, Sul da Suécia e outras línguas Suecas, estão em grande risco de desaparecimento e por incrível que pareça parece que o governo Sueco não esta preocupado, nem faz nada para evitar isso.
A Suécia é outro país europeu que deveria ser dividido em vários países independentes, não só pelas diferentes línguas, mas principalmente pelas diferentes etnias Escandinavas e a etnia Sami (não europeia) que a compõe. Pela preservação da diversidade e riqueza étnica, cultural e linguistica dessa área a independência e uma mudança das mentalidades seria fundamental.