sexta-feira, 15 de junho de 2007

Assim se entende a gente ! (5/5)



.

as vitórias conquistam-se
.
.

Entre as variedades diatópicas de uma língua, distinguimos, segundo ensina Paiva Boléo (1904-1992), "dialecto" e "falar".
"Dialecto" será um sistema de sinais vocálicos e gramaticais que se afasta de uma língua comum e, regra geral, está confinado a um espaço geográfico bem delimitado.
"Falar" é uma variedade regional da língua "oficial", sem o grau de coerência do dialecto, e normalmente assente numa diferenciação léxica e ortoépica.
Porém, dialectos e falas são expressões culturais que nos foram transmitidas de geração em geração, uma herança que nos incumbe preservar, frente às modas pacóvias do "chiquismo" provinciano.

Os portugueses, eufeudados por séculos de centralismo redutor e intelectualmente castrante, acabaram por adquirir, mais por carácter que por temperamento, mais por contágio social que por tradição cultural, uma exacerbada tendência em considerar a verborreia com origem nos centros de decisão política como exemplos a seguir. É o principio da "cassette" ou do "his master's voice" !

Às possíveis expressões culturais, reflexo de vivências diferenciadas dos povos habitando territoralidades dispersas do Minho ao Algarve, impõe-se a moda da capital cosmopolita que, etiquetando as manifestações regionais de provincianismo bacoco, mantém uma visão saloia desde uma perspectiva obtusa centrada na Babilónia-sobre-o-Tejo, a quem só interessa um ideal de Imperium…

Porém, às nações que constituem o pais Portugal, cada vez mais se vai abrindo a perspectiva de se assumirem como entidades culturais capazes de criarem e desenvolverem projectos próprios sem necessidade de recorrer às "cacofónicas decisões dos pitonisos do Terreiro do Paço"

Numa perspectiva inteligente de cooperação, Portugal, rico das nações que o constituem, poderá ser um factor de desenvolvimento da desejada Europa dos povos.

Compete-nos a defesa do nosso património linguístico, privilegiar e incentivar o uso do nosso léxico, da nossa pronúncia, pois somente com o esforço de todos é possível afirmar a nossa identidade colectiva. Actuemos em conjunto, e sejamos dignos das nossas tradições, que nos compete entregar aos vindouros.

Objectivamente devemos lutar incansavelmente pela "regionalização".
Por uma verdadeira "regionalização", não por uma falácia administrativa para desfrute e gáudio da oligarquia

As vitórias conquistam-se !

Sem comentários: