sexta-feira, 6 de julho de 2007

Pós-pós-modernismos...

ou a fossa cultural

O sr. Antonio Gramsci apercebeu-se, nos anos 20 do século passado, que estava passada a época das revoluções de rua.
Os teóricos do marxismo, principalmente os fazedores da "Teoria Critica", uma definição eufemística para o "cultural marxism" ou "political correctness", compreenderam e assimilaram a mensagem.
Infiltrando-se no ensino, na informação, no cinema, no teatro e na literatura, gradualmente foram subvertendo a "ideología cultural" nascida e desenvolvida na Europa.
Com todos os meios financeiros ao seu dispor, foram gradualmente pervertendo, submergindo a cultura europeia num "caldo" de puro nihilismo anti-estético.
A pós-moderna cultura europeia, seja na arquitectura, na pintura, na escultura ou em qualquer outra expressão artística, não é mais que um arremedo de cacafonia mental objectivamente direccionada à destruição dos valores éticos e estéticos que configuram o nosso conceito de arte.
Através das escolas e dos meios de informação desvirtuaram uma realidade cultural, e transmutaram-na numa moda que os ingénuos e os ignorantes seguem por instinto mimético.
Que relação pode haver entre as expressões de arte grega, romana ou renascentista (entre elas esteticamente concordantes) e as inqualificáveis pasmaceiras a que designam de "arte-contemporânea" ?
Intitular de "museu" um armazém de arrumos de objectos informes, alheios a qualquer taxinomia em que impere um minimo de bom senso, é um insulto à inteligência.

Colocaram as "coisas" em Lisboa ? Pois, felizmente para outras cidades que não têm de suportar semelhante desvairo.

E isto num país em que muitos portugueses não sabem o que é água corrente em casa… num país em que as mães dão à luz nas ambulâncias porque fecharam maternidades… onde crianças têm que percorrer quilómetros diariamente porque fecharam escolas…
Mas o sr Berardo, que o sistema politico autorizou a ser multi-milionário, aplica milhões em necedades (outras se avizinham) no mais profundo desprezo pelas necessidades primárias de tanta gente…

Que no Porto existe um "museu" de coisas parecidas, um "cubo-ortorômbico", e um "pátio das mesquitas" onde floresciam flores… tudo isso é profundamente lamentável.
O que não impede os basbaques, que só pensam alguns segundos por mês (porque a televisão pensa por eles), irem a esses locais fazer fotos para mostrar como são "evoluidos"…

Dizia Barnum que o mercado para a estupidez é gigantesco, pois o número de clientes é potencialmente ilimitado ; mercado esse que permanece equilibrado porque sempre existe uma oferta abundante disponível.
Mais grandioso que a estupidez humana, talvez somente a demagogia de quem detém o poder politico (e que tão pouco é isento da dita).

3 comentários:

Oscar de Lis disse...

É evidente que os museus são um luxo naqueles territórios onde as necessidades básicas maslowianas não foram ainda cobertas. É evidente também a crise dos espaços de musealização, porquanto também dos espaços foucaultianos de encerro. Mas às necessidades básicas que você refere há que unir também necessidades secundárias, como as de cultura. O erro está talvez em fazê-lo como museu, o que não para de ser, ademais, um acto encaminhado a manter as legalidades e os privilégios pequenoburgueses adquiridos historicamente

Antonio Lugano disse...

ao Oscar de Lis

Creio que o seu texto não refere o por mim publicado neste "blogue", e no "Calácia" como comentário ao artigo aí colocado sob o titulo "O Lapso Geográfico" em 26/06/2007, mas sim, e somente, este último artigo.

Com efeito a minha critica não atravessa, nem sugere, as necessidades determinadas por Maslow, nem a problemática dos espaços fechados de Foucault, embora considere que são temas próximos e de interesse evidente, mas não no contexto do meu escrito.
A minha critica é directamente dirigida ao "politicamente correcto" e à metamorfose, melhor dizendo, à transmutação que essa ideologia introduziu no conceito de arte.

Arte ("ars" ou "téchne") é uma aspiração ao absoluto, uma representação pela forma, pela cor ou pelo som do objectivo estético que formulamos em nós como projeccção cultural.

Uma pintura renacentista tem um impacto emocional num indivíduo europeu, que nunca terá em individuos africanos ou asiáticos.
Cada cultura tem as suas representações, os seus símbolos e os seus mitos !

Pretender, como com a denominada "arte-contemporârea", globalizar a expressão artística de culturas diversas é, antes de tudo, uma ignóbil falácia, destrutora de valores éticos e inibidora da simbologia "marcadora" de um acto cultural diverso.

A intitulada "arte-contemporârea", nada tem de arte (como expressão de uma cultura) e não passa de mais uma promoção de desarranjos psíquicos (como o "orgulho gay") conscientemente difundidos para desequilibrio do conjunto da sociedade.

Arte é imagem (volume/cor/som), uma necessidade de equilibrio estético que o ser-humano sempre ressentiu, desde o anónimo gravador rupestre até Miguel Angelo ou Joseph Haydn.

Eliminando esse momento ao ser-humano, neste caso ao europeu, substituindo-lhe a beleza de um trecho musical de Vivaldi por um batuque bantú, um quadro de Velasquez por uma tourada multiforme de Picasso, uma escultura de Rodin por dois rolos de papel higiénico pendurados do tecto, a "coisa contemporânea" afecta gravamente o equilibrio emocional dos individuos.

E o "politicamente correcto" sabe-o perfeitamente, e actua em consequência, infelizmente seguido por uma coorte de ingénuos, convencidos de que estão sentados na "Catedra Petri" do progresso.

Anónimo disse...

Buena noticia: el intelectual gallego Don César Antonio Molina, nuevo Ministro de Cultura del Reino de España.