terça-feira, 10 de julho de 2007

Pós-pós-modernismos... (II)

a pseudo cultura

O anterior comentário não atravessa, nem sugere, as necessidades determinadas por Maslow, nem a problemática dos espaços fechados de Foucault, embora considere que são temas próximos e de interesse evidente, mas não no contexto da minha critica, directamente dirigida ao "politicamente correcto" e à metamorfose, melhor dizendo, à transmutação que essa ideologia introduziu no conceito de arte.

Arte ("ars" ou "téchne") é uma aspiração ao absoluto, uma representação pela forma, pela cor ou pelo som do objectivo estético que formulamos em nós como projeccção cultural.

Uma pintura renacentista tem um impacto emocional num indivíduo europeu, que nunca terá em individuos africanos ou asiáticos.
Cada cultura tem as suas representações, os seus símbolos e os seus mitos !

Pretender, como com a denominada "arte-contemporârea", globalizar a expressão artística de culturas diversas é, antes de tudo, uma ignóbil falácia, destrutora de valores éticos e inibidora da simbologia "marcadora" de um acto cultural diverso.

A intitulada "arte-contemporârea", nada tem de arte (como expressão de uma cultura) e não passa de mais uma promoção de desarranjos psíquicos (como o "orgulho gay") conscientemente difundidos para desequilibrio do conjunto da sociedade.

Arte é imagem (volume/cor/som), uma necessidade de equilibrio estético que o ser-humano sempre ressentiu, desde o anónimo gravador rupestre até Miguel Angelo ou Joseph Haydn.

Eliminando esse momento ao ser-humano, neste caso ao europeu, substituindo-lhe a beleza de um trecho musical de Vivaldi por um batuque bantú, um quadro de Velasquez por uma tourada multiforme de Picasso, uma escultura de Rodin por dois rolos de papel higiénico pendurados do tecto, a "coisa contemporânea" afecta gravamente o equilibrio emocional dos individuos.

E o "politicamente correcto" sabe-o perfeitamente, e actua em consequência, infelizmente seguido por uma coorte de ingénuos, convencidos de que estão sentados na "Catedra Petri" do progresso.

4 comentários:

Oscar de Lis disse...

E sim. É certo que o politicamente correcto emprega de modo capcioso os impulsos culturais da arte, até considerar que uma forma de arte é uma forma de cultura. A arte contemporânea à que você inculpa ter eliminado o humano não é produto de uma obscura institucionalização de desequilíbrios psico-físicos. É o resultado de uma cultura global, de uma cultura ocidental que abrange desde a Escandinávia até a África do Sul, por culpa do império, tal como foi definido por Hardt e Negri. E por isso foi citada a questão de Foucault, que definiu os conceitos de encerro e espacialidade onde hoje opera esse império e, assim, qualquer das suas manifestações culturais. Não é que a arte contemporânea vise globalizar as expressões culturais locais. O que se passa é que a arte contemporânea é já uma manifestação globalizada segundo o modelo do primeiro mundo, onde pouco cabem as formas da tradição dos povos.

Antonio Lugano disse...

ao "Oscar de Lis"

O "politicamente correcto" provém da Teoria Crítica desenvolvida pelos "felows" da Frankfurter Schule, desde o inicio dos anos 1920, entre os quais se contavam Adorno, Horkheimer, Marcuse, Benjamin, Fromm…, todos eles marxistas e, como Marx, todos eles judeus (uma constatação, nada mais).
Após a guerra de 1939/45 vamos encontrar alguns desses "kamaradas" nos Estados Unidos, onde lhes é proporcionado um inesgotável apoio financeiro que, principalmente Marcuse, utiliza, desde para divulgar a sua teoria "revolucionária" ("Reason and Revolution") e hedonista ("Eros and Civilization") entre as novas gerações dos "campus" universitarios.
Após as movimentações políticas do Maio 68 em França, essas publicações tornaram-se o "livro de cabeceira" de uma grande parte da juventude universitária europeia, a mesma que hoje ocupa os lugares políticos mais destacados.
O "political correctness", já então conhecido como "cultural marxism", seguia os conselhos de Gramsci e praticava uma activa infiltração cultural, principalmente nos meios universitários, de informação, literários, de teatro, cinema e demais artes…
Na Europa dos anos 1970, ultrapassado (ou assimilado) o traumatismo da guerra, não dizer-se politicamente socialista ou marxista (duas faces de uma mesma moeda) correspondia a ser condenado ao "ostracismo" cultural.

Localizado o contexto, notemos que os marxistas, conscientes da importância que tem a imagem (volume, cor e som), a estética, na consolidação do equilibrio psicológico do ser-humano, acentuaram a instabilidade emocional dos anos que precederam a guerra de 1914/18 para lançarem o "realismo socialista" na arte.
Considera-se, geralmente, que a "arte moderna" se inicia em 1907 com "Les Demoiselles d'Avignon", do marxista Pablo Picasso, e termina em meados dos anos 1960 com as primeiras manifestações da "arte contemporânea", através dos movimentos "Fluxus" e "Pop Art", de caracterizada influência destrutiva no conceito da expressão estética europeia.

Um pequeno parêntesis para relembrar que a "arte moderna" do século XX não tinha qualquer relação com o "periodo moderno da arte" do Renascimento (século XV), que contrapôs a "arte antiga" (maniera vecchia) de Giotto à "arte moderna" (maniera moderna) de Leonardo.

A "arte contemporânea" não é, pois, uma evolução da "Arte", como nos pretendem apresentar, mas uma estruturação consciente (com finalidade política) da "forma artística" a ser imposta à cultura europeia.
A "arte contemporânea" é consequência (e instrumento) de um processo de desconstrução da cultura europeia, um acto premeditado para a formatação de uma "cultura global" a consumir como mais um produto de mercado !
A manipulação do ensino, e a desinformação permanente, farão o resto… Assim o espera o "politicamente correcto" !

As tentativas de desestabilizar, para melhor re-orientar, o comportamento psíquico dos individuos, a questão da "arte" não está isolada, mas sim acompanhada por outros processos, todos idénticamente perversos, que passam pela homosexualidade como "orgulho", pela destruição da familia, pela manipulação pelo medo (terrorismo), etc, etc..

Permito-me referir-lhe que "cultura ocidental" é um "non sens", algo que pretende amalgamar a "cultura europeia" com outras expressões, sem dúvida de origem europeia, mas que seguiram projectos diversos, que se afastaram da historicidade do facto cultural europeu, e que agora pretendem impor-nos como "moda cultural".
Para tentar clarificar o falacioso imbróglio da "cultura ocidental" (do "mundo ocidental") Heidegger referia a vernácula "cultura europeia" (o "Ocidente") como "Hesperial".
Sobre o tema sugeria-lhe a leitura do artigo "Hesperia Hesperial" publicado no "Prometheus", em 14/01/2007.
http://hesperialeuropa.blogspot.com

Independentemente do valor intrínseco das análises de Foucault e de Deleuze sobre a "evolução" do tipo de sociedades, devemos ter presente que o determinismo por eles sugerido nessa evolução diacrónica (soberania, disciplina, controlo) é a figuração de um desejo politico (os dois eram marxistas).
A passagem de um tipo de "sociedade" a um outro, não é (nunca foi) um "processo natural", mas sim a consequência de uma orientação política, primeiramente liberal e maçónica, e seguidamente hedonística e marxista.
Se compreendermos a "trama do politicamente correcto" (do "Novos Ordo Seclorum") e quizermos (e soubermos) bloquear os seus propósitos, a actual "sociedade da Informação" ("informacional") nunca passará a "sociedade robótica". Depende de nós !

Notemos que o marxismo de hoje, nada ou quase nada tem do marxismo do século XIX, nem do bolchevismo leninista.
O marxismo de hoje, refere o "cultural marxism" dos "kamaradas" da Frankfurter Schule !

Se entender, considerando o espaço reduzido dos "comentários", pode enviar-me as suas apreciações para antón_lug@mail.com

Oscar de Lis disse...

Desculpe, Sr. Lugano:
Acho que há um erro com o endereço electrónico.

Antonio Lugano disse...

Com efeito "anton" não é acentuado.

Assim que :
anton_lug@mail.com

ou

gallaeciaeuropa@hotmail.com

As minhas desculpas.