"a identificação nacional"
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Um inquérito sociológico realizado há dez anos (1997) pelo Instituto da Comunicação Social (ICS), incidindo numa amostra representativa da população jovem portuguesa (15-29 anos de idade), interrogava sobre o grau de identificação dos inquiridos com o "espaço nacional".
Os jovens que responderam ao inquérito tem na actualidade entre 25 e 39 anos, ou seja, já são "jovens maduros", tendo muitos deles optado pela vinculação política activa !
Os inquiridos que se identificaram prioritariamente com Portugal são sobretudo habitantes de Lisboa e populações do Sul.
Os outros inquiridos distribuem-se sobretudo pelos seus "lugares" - aldeias, vilas ou pequenas cidades - ou pelas suas "regiões", principalmente no Norte.
Por fim, há um resíduo de excêntricos, no duplo sentido da palavra, que dizem identificar-se prioritariamente com o espaço europeu ou mesmo mundial.
Da tabela resultante, como resposta à identificação ressentida, extraimos os seguintes resultados :
Lugar / Região...45,7....(16,6 / 29,1)
Portugal...........41,6
Europa.............4,7
Mundo.............4,4
NS/NR.............2,7
Inquérito aos jovens - Instituto da Comunicação Social (ICS) - 1997
Depois dessa data outros inquéritos foram realizados, mas… ficaram democraticamente arquivados nas gavetas do "poder central" !
Que reflexão deverá ser feita ?
Enfrentar a realidade e optar por soluções verdadeiramente nacionalistas ou continuar a impor noções de "império interior" cada vez mais afastadas da realidade ?
Que nos sirva de exemplo o caso espanhol onde os nacionalistas hispânicos, à força de gritar a "unidade espanhola", perderam uma activa participação nos nacionalismos locais, quase sem excepção controlados pela esquerda marxista, que apenas se diz nacionalista por razões de estratégia eleitoral.
As correntes nacionalistas que, por deficiência de análise e/ou por submissão a europeismos de importação, pretendem a existência de uma Nação lusitana do Minho ao Algarve, são involuntarias (?) colaboradoras do esvaziamento do contexto cultural nacionalista.
A Europa é um espaço geográfico, uma realidade histórica e uma afirmação cultural proveniente da etnicidade que a constitui.
Os povos europeus, assentes numa interioridade cultural única, nunca souberam ser uma massa populacional uniforme e sempre se rebelaram contra as tentativas de os enjaularem em conceitos massificadores centralistas, mais ou menos imperiais, provindos de Roma, Aix-la-Chapelle, Bizâncio ou Paris.
Submetidos a centralismos políticos que os compartimentam em territorios designados como países, são de novo vitimas de um imperialismo "pós-moderno" que os pretende "normalizar", impondo-lhes a urbe como "habitat" e o consumo compulsivo como "cultura" !
A Europa sempre foi uma união cultural de povos e territórios soberanos, capaz de se afirmarem como tal e sabendo defender-se das normalizações em que sempre quiseram manieta-los.
O fundamento, a reserva para que se possa preservar a "cultura europeia", na sua diversidade nacional, é precisamente a Nação, as diversas nações que constituem a Europa dos Povos, não a Europa dos Países, que são "jaulas políticas" delineadas para amalgamar povos e converte-los em populações.
Por outro lado, a noção de Europa "nacional" é uma falácia que poderá destruir definitivamente a sua fundamental diversidade, a riqueza que reside nos povos que a constituem, na sua etnicidade e na sua particular expressão cultural.
Tenhamos presente que o fundamento da nossa proposta é a potenciação dos valores nacionais que existem no interior de cada país, não uma recusa do conceito de País.
No caso português, consideramos que através da Regionalização, se as Regiões forem reflexo de expressões culturais e não de "recortes políticos" provenientes de uma perspectiva "desde as Portas de Santo Antão", poderemos participar activamente na preservação da "diversidade cultural europeia", e consequentemente acautelar a Europa e a sua perenidade.
Este é o desafío com que temos de nos enfrentar à Europa dos mercados, às mitologias pátrias e aos conceitos de "Imperium".
(…)
Os partidos, sejam quais forem as suas opiniões ou os seus interesses, ganham sempre com a centralização.
Se não lhes dá maior número de possibilidades de vencimento nas lutas do poder, concentra-as num ponto, simplifica-as, e, obtido o poder, a centralização é o grande meio de o conservarem.
Alexandre Herculano, "Carta aos eleitores do Círculo de Sintra" (1858)
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